quarta-feira, 17 de junho de 2015

BC grego alerta sobre saída da zona do euro se negociações falharem

Falta de acordo com credores levará a default e provável saída do euro.
País precisa pagar € 1,6 bilhão ao FMI este mês.

Da Reuters
'O povo não pode ser chantageado. O país não está à venda', diz faixa colocada por manifestantes nos escritórios da União Europeia em Atenas (Foto: Yannis Behrakis/Reuters)'O povo não pode ser chantageado. O país não está à venda', diz faixa colocada por manifestantes nos escritórios da União Europeia em Atenas (Foto: Yannis Behrakis/Reuters)
O banco central da Grécia fez um alerta nesta quarta-feira (17) de que o país pode entrar em um "curso doloroso" na direção do default e da saída da zona do euro se o governo e seus credores internacionais não alcançarem um acordo sobre ajuda em troca de reformas.
Também disse que a desaceleração econômica do país deve se ampliar no segundo trimestre deste ano, e que a crise levou a saques de cerca de € 30 bilhões de bancos gregos entre outubro e abril.
"Não alcançar um acordo vai... marcar o início de um curso doloroso que levará inicialmente a um default grego e no fim à saída do país da zona do euro e, mais provavelmente, da União Europeia", disse o banco central grego em relatório.
Europa
Uma autoridade da União Europeia, no entanto, afirmou nesta quarta que, se a Grécia não fizer o pagamento de € 1,6 bilhão ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em 30 de junho, isso não irá precipitará um default dos empréstimos da zona do euro.
"Não há lógica, quanto mais presunção automática de que qualquer não pagamento ao Fundo levará a qualquer aceleração (de não pagamento dos empréstimos europeus pela Grécia)", disse a autoridade, que falou a repórteres sob a condição de anonimato.
Questionada sobre possíveis controles de capital à Grécia, a autoridade disse que o resgate de Chipre em 2013 mostrou que é possível, mas "muito indesejável".
Histórico
Autoridades gregas passaram o final de semana em negociações sobre a dívida do país, mas elas foram concluídas sem um acordo em função de divergências, segundo um porta-voz da União Europeia.
Já uma fonte do governo grego taxou as exigências dos credores, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI), de irracionais.
"As negociações duraram apenas 45 minutos", destacou a fonte, atribuindo o fracasso do encontro à posição intransigente e dura do FMI.
O porta-voz afirmou, no entanto, que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, continua convicto de que é possível encontrar uma solução até o fim do mês, quando a Grécia deverá saldar sua dívida junto ao FMI.
As negociações reuniram representantes gregos e da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).
A presença do FMI era especialmente importante, pois é com a instituição de Washington, ainda mais do que com os demais credores, que o governo grego deve se entender.
Em 30 de junho, a Grécia deve pagar ao FMI € 1,6 bilhão e ainda há dúvidas sobre a capacidade financeira do país de fazer frente a este vencimento sem a liberação da parcela de ajuda financeira de € 7,2 bilhões.
Há meses os credores bloqueiam esse montante diante da resistência do governo grego de realizar as reformas exigidas há quatro meses. Contudo, o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, considerou neste domingo que uma eventual retirada do FMI das negociações "não impediria um acordo entre Atenas e os europeus".
"Eu não ficaria surpreso se o FMI insistisse em posições inaceitáveis, o que seria uma justificativa para que a instituição deixe as negociações", declarou o ministro em uma entrevista ao jornal Realnews.
As discussões poderiam durar vários dias, mas o ideal seria um acordo até quinta-feira, data da próxima reunião de ministros das Finanças da zona do euro. "O Eurogrupo é a última parada do trem", insistiu neste domingo a fonte europeia.
Mas muito temiam que nenhum acordo fosse alcançado. "Os dois lados ainda estão muito distantes em suas posições", disse outra fonte europeia. "A Grécia não cumpriu com suas promessas, e com suas propostas as contas não fecham", acrescentou.
O principal ponto negociado é o nível de superávit primário, calculado sem levar em conta os juros sobre a dívida. Este nível determina a quantidade de poupança ou receitas adicionais que a Grécia deve ter. Os credores pedem um superávit fiscal primário de 1% do PIB este ano, enquanto os gregos propõem 0,75%. De acordo com o jornal financeiro grego Naftemporiki, o governo poderia propor 0,9%.
De acordo com o jornal liberal Kathimerini, o governo grego estaria disposto a aceitar reduções nas pensões e salários em troca de soluções para aliviar a dívida do país em torno de 180% do PIB.
George Stathakis, ministro grego da Economia entrevistado pelo Avghi, excluiu, por sua vez, uma "ruptura" com os credores, pois isso "levaria a territórios desconhecidos". "Por natureza, somos otimistas", havia dito o primeiro-ministro Tsipras no sábado, de acordo com a agência de notícias grega Ana.
Dada a urgência dos prazos, a zona do euro discutiu pela primeira vez esta semana a possibilidade de um calote da Grécia, um assunto até então tabu e que poderia ser o prelúdio do "Grexit", a saída do país da zona do euro.
Fonte G1

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